Figura 1 – Esboço do framework Cynefin, por Edwin Stoop
Faz um tempo que ensaio iniciar uma série de artigos sobre Cynefin (Quinevin) e finalmente encontrei meu tempo para iniciar isso, e decidi começar pelo básico:
O que é o Cynefin?
Cynefin é um framework para Sensemaking.
A palavra Sensemaking propositalmente não foi traduzida, para não cairmos na tentação de uma tradução simplória de “Fazer sentido” ou algo parecido.
Segundo Dave Snowden no post https://cognitive-edge.com/blog/what-is-sense-making/:
Eu o defino como “Como fazemos o sentido do mundo para que possamos agir nele”, que carrega consigo o conceito de suficiência (conhecendo o suficiente para tomar uma decisão contextualmente apropriada). A esse respeito, estou trazendo ciência e narrativa da complexidade para a construção de sentido como disciplina.
Segundo Gary Klein no mesmo post:
Sensemaking é a capacidade ou tentativa de dar sentido a uma situação ambígua. Mais exatamente, Sensemaking é o processo de criar consciência situacional e compreensão em situações de alta complexidade ou incerteza, a fim de tomar decisões. É “um esforço motivado e contínuo para entender as conexões (que podem estar entre pessoas, lugares e eventos) para antecipar suas trajetórias e agir efetivamente
Esse conceito foi criado na década de 70 por Karl E. Weik, que definia Sensemaking como “o desenvolvimento retrospectivo em andamento de imagens plausíveis que racionalizam o que as pessoas estão fazendo”.
O Sensemaking sugeria uma mudança de foco tradicional dos teóricos da organização em Decision-Making (Processo de identificar e escolher alternativas com base nos valores, preferências e crenças do tomador de decisão) para essa nova forma de decidir.
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A ascensão da perspectiva do Sensemaking marca uma mudança de foco nos estudos organizacionais de como as decisões moldam as organizações para como o significado impulsiona a organização (Weick, 1993). O objetivo era concentrar a atenção na atividade cognitiva em grande parte do enquadramento de situações vivenciadas como significativas. É um processo colaborativo de criação de consciência compartilhada e compreensão das diferentes perspectivas e interesses variados dos indivíduos.
Segundo Weick as 7 (sete) propriedades do Sensemaking são:
- Identidade e identificação, a interpretação dos eventos e o que as pessoas falam são moldadas por seu próprio contexto;
- Retrospecção, o contexto das pessoas é afetado pelo ponto de retrospecção no tempo;
- Encenar ambientes, através de narrativas e diálogos as pessoas constroem o que pensam, e tornam suas experiências mais ordenadas, e com isso conseguem controlar e prever eventos, diminuindo a complexidade;
- Sensemaking é uma atividade social, as histórias consideradas plausíveis são compartilhadas e se tornam parte do contexto da organização;
- Sensemaking está em progresso, conforme as pessoas se enxergam no ambiente e percebem as consequências de suas ações, elas moldam os ambientes que enfrentam, em um processo de feedback constante, aumentando a percepção retrospectiva de como nossas atitudes impactam o ambiente;
- Pessoas extraem dicas do contexto, buscando coerência sobre o que é relevante e quais respostas estão de acordo com suas expectativas, tornando essas dicas pontos de referência seguros para aumentar o alcance de suas ideias dentro da organização;
- Plausibilidade sobre precisão, onde eventos e contextos sólidos são considerados mais seguros do que uma precisão que não traga ajuda prática.
A ligação entre essas propriedades é construída conforme as pessoas interagem e interpretam os acontecimentos, criando sentido através de narrativas sobre esses acontecimentos, que se tornam insights para como a organização deverá reagir a situações incertas ou mesmo ambíguas.
Resumindo tudo isso, Sensemaking é a “criação de sentido”, para que possamos gerar significados valiosos para indivíduos e organizações, quanto mais indivíduos puderem participar, mais rica será a experiência.
Chegamos ao final desse artigo e você deve estar se perguntando, Cadê aquela matriz 2×2 com os domínios do Cynefin?
Pois é, para olharmos para o Cynefin é imprescindível entendermos melhor o que ele é antes de simplesmente sair por aí classificando as coisas…
Mas fiquem tranquilos que chegaremos lá, até breve.
Leandro Sanches
Agile Coach