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O Capitão América esteve confuso e o Cynefin pode provar

E se eu te perguntasse qual foi o momento mais confuso que aconteceu em sua vida? Assim mesmo: pá pum! Sem nunca termos nos vistos, sem que eu conhecesse sua história e você a minha. Será que conseguiria responder com sinceridade qual foi ou quando foi o momento mais confuso que já passou?

Ok, sabemos que há mais de um ano estamos vivendo dias confusos e um tanto quanto conflitantes. E está tudo bem (ou não), passarmos por dias em que nem sabemos se estamos confusos de fato. Como por exemplo: a ponto de sair com sapatos trocados e não se dar conta ou passar uma rotina inteira pensando que é um dia quando na verdade é outro e de arregalar os olhos e sair atropelando tudo.

Há um tempo mergulhamos em dias bagunçados, e que bom que existe uma quantidade de pessoas que sabem sobre essa nova rotina incomum, já outras… Bem, outras talvez ainda não entenderam o quão problemática a realidade ficou.

Talvez eu possa parecer repetitiva em gostar de falar tanto sobre um tema, ainda que já tenha falado sobre outros em meu e-book Mudança: por que fez isso tão difícil?. Mas se o Cynefin foi feito para fazer sentido, por que não utilizá – lo em vários contextos?

Faço uma breve pausa aqui, para caso queira relembrar/saber do que se trata esse tal de Cynefin, em meu artigo O que John Wick tem a ver com Cynefin? Falo sobre o assunto.

E como uma pessoa apaixonada pelo framework, há cerca de 2 meses assisti ao vivo de Vitor Massari e Ian Macdonald sobre Decisões Estratégicas em Projetos, que pela primeira vez vi uma espécie de zoom e uma divisão no domínio da confusão onde temos:

  • Confuso Aporético: que é quando existe a ciência da confusão, e que a partir daí pode – se tomar medidas ou ações para sair esse momento.
  • Confuso Puro: que é aquele quando nem ao menos passa pela cabeça sobre estar confuso.

Mas calma! Se lá em cima eu falei sobre contextos, não seria dessa vez que eu iria escrever algo sem eles. Só que agora vou utilizar um herói muito conhecido entre nós: Capitão América.

É bom lembrar que este artigo contém spoilers, então caso não tenha visto Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), está colocando sua conta em risco, combinado?

No filme em questão, nosso herói sacrifica – se derrubando seu avião no meio do Ártico para impedir que bomba alcancem seu destino. Setenta anos após o ocorrido ele é encontrado congelado, porém com vida.

Após o descongelamento, Steve Rogers (Capitão América), acorda em um quarto, este que possui característica dos anos 1940, período em que estava habituado.

Repare que por mais que as ações durem segundos, nesse momento Rogers não faz ideia do que aconteceu, pois sua última memória era do avião caindo e de repente acorda em um quarto, com filhos ao fundo, com seus membros aparentemente funcionando normalmente. Logo, para essa cena utilizo como exemplo a confusão pura, que é aquela em que não se consegue compreender o que está certo ou errado e tampouco se é preciso tomar decisão alguma.

Em seguida, nosso herói começa o notar que algo está errado ao ouvir um jogo de beisebol na rádio que já reconhece ter ouvido em alguma ocasião.

Suas expressões mudam, as características daquele local tornam – se difíceis de explicar e a entrada de um militar no quarto dizendo coisas que não representam verdade, vão gerando informações e ele começa a criar a consciência de um ambiente confuso e que precisa tomar medidas para sair daquela situação. E está sob essa perspectiva que entendo que o Capitão América trafega do pura confuso para o aporético confuso.

Agora veja que interessante, as ações a seguir poderiam ir para outros ambientes sendo eles complicados e complexo. Entretanto, como nosso herói foge sobre cenário falso, correndo pelas ruas da Time Square e olhando em volta como se estivesse sondando um novo ambiente eu diria que ele estaria no liminal entre o complexo e o caótico.

Por todos esses e outros aspectos algumas vezes me pego pensando do por que demorei tanto a gostar de Cynefin. Ele se encaixa perfeitamente em tantos contextos, pois não é algo imóvel, parado, estático… É transitório, é vivo! Assim como os diversos movimentos que precisamos fazer desde ao abrir os olhos pela manhã até fechá-los ao ir dormir.

Sendo clichê (ou não), já me deparei com situações pessoais que com a ajuda do framework pude entender do por que havia chego ali e como sair dali, o que posteriormente algumas ações tornaram – se repetitivas sem que houvesse um maior esforço de uma avaliação ou crítica a todo momento.

Uma decisão da qual a gente sabe a resposta não é uma decisão é um processo. Uma decisão de verdade só é quando a gente não sabe a resposta. – Dave Snowden

Confesso que começar a aprender mais sobre o domínio confuso me trouxe mais perguntas do que respostas, o que me traz um certo sorriso de canto de boca, pois tirar meu cérebro da zona de conforto me gera mudança e com ela qualquer tipo de aprendizado é bem vindo.

Estar escrevendo sobre algo que faz tanto sentido, e espero que faça a você, eu fez indagar:

  • Quantas vezes será que estive confusa?
  • Quanto tempo demorei a entender que estava confusa?
  • Será que quando criei essa consciência conseguiu aproveitar o tempo a meu favor, como uma espécie de chave para uma melhor gestão?

Bom, deixo o papo sobre o tempo vs. gestão para os próximos capítulos.

Obrigada pela leitura!

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