Michelangelo um agilista fora de época.
Na atualidade muito longe do tempo renascentista trabalhamos com projetos e temos o desafio de entregar. Assim paro para pensar quais eram os desafios de outras épocas e quais as estratégias? Será que somos tão “inovadores” assim?
Mergulhando em grande ícones me deparo com ele o lendário Michelangelo, o qual possuo grande admiração por suas obras. E passei a questionar seus métodos, em meio a tantos talentosos artistas renascentistas como ele fez tão bem mesmo tão jovem. (Sim ele tinha 29 anos quando esculpiu a obra “David”).
Acredito que foi desafiador para ele com tantas pessoas experientes ao seu redor com tantos métodos ferramentas e técnicas, ele fez o que precisava ser feito.
Sem mais delongas você deve se perguntar Ok e os métodos ágeis? Calma você já vai entender o elo destas duas coisas.
A obra David foi um típico projeto que conhecemos bem grande no caso 5,17 metros de altura e 6 toneladas, o Cliente que pediu a obra para compor um “portfólio” de esculturas de profetas na época sobre a supervisão de Donatello. Processo normal arrumaram um bloco de Carrara e apelidaram de “O gigante” (atenção neste escopo) e bora fazer como sempre foi feito. A obra foi iniciada modelando pés, pernas e tronco por Duccio “primeira equipe” o Projeto ficou parado e 10 anos depois re-assumido por Rosselino “segunda equipe” que sim teve o contrato suspenso e o projeto ficou parado mais 25 anos! (pode ter passado por outras equipes)
Em um inventário na Catedral de Santa Maria del Fiore em meados de 1500 a peça foi declarada como “David” obra pobremente esculpida. Até aqui normal levando em conta que o ciclo de tempo da época era outro. O projeto custou caro não atende e não foi feito como deveria. E o jardim da catedral ainda estava sem a obra
E chegou o jovem “agilista” renascentista atuar no projeto, o curioso é que antes vários artistas olharam a peça e deram como impossível de finalizar, mas a empresa de nome Operai da Catedral já tinha o projeto começado, o portfólio estava incompleto e não queria perder o investimento.
O Jovem “agilista” Michelangelo já começou priorizando pois o escopo fixo inicial era o gigante, e o objetivo foi revisto para a batalha e logo já cogitaram David pós batalha nos requisitos do cliente e este não poderia ser entregue, sob o argumento das restrições, no caso material mármore todo zuado por outras equipes para a obra.
O Mesmo observou o que poderia ser feito e propôs a mudança no escopo fixo sem alterar o valor percebido com a justificativa de esculpir David “pré batalha”. Entenda que neste ponto é a forma fixa de pensar limitou todos os demais e pensar em valor e objetivo possibilitou a obra. Atenção neste ponto ele mudou de escopo Gigante e David para objetivo “Batalha de David”. Assim tudo passou a ser feito em torno do objetivo.
No escopo anterior mais material seria necessário e havia restrições para isto. Outro ponto do agilista foi que ao ser questionado como faria, ele afirmou que iria observar o mármore antes e “refinar” para tirar com seu martelo e cinzel tudo que não era David. Este refinamento e esta adaptação mesmo em um cenário complexo onde a produção da obra já demorara mais de 40 anos para ser entregue, e em sua mão durou 2 anos e meio. ( pelo timebox de produção anterior foi quase uma sprint).
Eis que então que Michelangelo “terceira equipe” tinha o necessário: competência técnica, soube responder às mudanças, respeitaram as restrições e tinham dentro de si um objetivo claro que foi estabelecido durante o refinamento “Batalha de David”. Assim todos os detalhes seguiram o objetico desde as veias saltadas das mãos até a expressão na testa.
Para os mais exigentes da “perfeita obra” faltou um músculo situado em uma lacuna no lado direito das costas, entre a espinha dorsal e a escápula. Mas a transparência do agilista não deixou por menos, ele deixou uma carta explicando que o defeito era devido a um defeito no mármore que deixou o músculo fora da entrega.
