Na matéria de hoje, coloco um dilema que já é clássico no mundo do gerenciamento dos projetos:
É mais importante atingir 100% do escopo ou cumprir um prazo? Ou os dois?
Vamos fazer uma analogia com situações do nosso cotidiano. Imagine que você foi a uma festa e conheceu a mulher da sua vida, passada uma semana vocês começam a namorar e estabelecem que em 2 meses vocês irão se casar e marcam a data do casamento na igreja. Pronto, a restrição de tempo foi criada. Agora será que dá para fazer um mega-evento, contratar decoração, músicos para a igreja, alugar o melhor buffet da cidade, DJ, elaborar e enviar convites para 345 pessoas, encomendar docinhos e lembranças, comprar viagem de lua-de-mel, tudo com qualidade em apenas 2 meses? Como o tempo era a restrição do casal, eles resolveram se casar apenas no civil e organizar um bela churrascada para os parentes, padrinhos e amigos mais próximos. Moral da história: o casal adequou o escopo do projeto (casamento) dentro da restrição do projeto (cronograma), sem sacrificar a qualidade.
Uma outra analogia, você resolveu se tornar um empreendedor e resolveu lançar um website de compras para bater de frente com grandes empresas como Submarino e Americanas.com. Você estabeleceu uma estimativa de prazo para concluir o website, porém, ele deve possuir omínimo de funcionalidades que o torne competitivo e atrativo frente às grandes concorrentes. Acontece que aquele prazo estimado está chegando ao fim, e agora? Você lança o seu website, mesmo sabendo que ele não está pronto para fazer frente às grandes concorrentes? Ou prefere rever sua estimativa até ter um produto realmente competitivo? Moral da história: ter o escopo do projeto entregando valor era mais importante que cumprir um prazo.
Dados os exemplos acima, e voltando ao mundo dos projetos, podemos classificar as nossas entregas de projetos de duas formas:
1) Date-driven: É onde o tempo/cronograma é a grande restrição. Este tipo de entrega é bastante desafiador, pois talvez o escopo tenha que ser adaptado para entrega de valor e isso não é fácil, pois exige alguém com uma visão estratégica de negócio muito boa ! Nosso analista de negócio ou Product Ownerdeve ser dos bons.
2) Feature-Driven: Neste caso a entrega do escopo do projeto prevalece sobre o prazo. Claro, que não pretendo ser anárquico como muitos colegas agilistas que dizem que o prazo não importa. Mesmo em projetos conduzidos desta forma deve existir uma estimativa realista com sua variação (para maior ou para menor) aceita e compreendida por todos os stakeholders. Afinal de contas projetos são bancados com $$$ e $$$ não dura para sempre !
Agora você me pergunta: “Mas Vitor, eu quero todo o escopo entregue dentro de um prazo. E aí?”
E aí que você pode ter 2 situações:
1) O escopo total cabe dentro do prazo estabelecido – Continua sendo uma entrega date-driven, sem haver necessidade de adequação do escopo.
2) O escopo total não cabe dentro do prazo estabelecido, mas tem que caber de qualquer jeito – Este caso ocorre de forma muito frequente e os gestores simplesmente não aprendem! É o famoso “me engana que eu gosto”. Você possivelmente elevará muito os custos do seu projeto, seja:
- Contratando um batalhão de pessoas para trabalhar, mesmo sendo comprovado que “nove grávidas não dão luz em 1 mês“, isso não significa de forma alguma que o projeto será entregue com QUALIDADE.
- Ou não se contrata ninguém e paga-se horas extras para a equipe, todo mundo trabalhando de 12 a 16 horas/dia. Fisiologicamente e psicologicamente, cada dia que passa o rendimento cai e aQUALIDADE do trabalho idem.
Aí sabe o que acontece quando o produto do projeto é entregue sem QUALIDADE? Surge a famosa “Fase 2″ do projeto que os “fazejadores” de plantão tanto gostam.
Então amigos, entendam qual é a restrição do seu projeto e estabeleçam sua estratégia de entrega sem jamais deixar de entregar valor e qualidade.
Novo “triângulo de ferro” onde valor e qualidade são condições fixas do projeto e as restrições (escopo,tempo,custo) são varáveis.